quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Politica: o lado cruel
segunda-feira, 31 de março de 2014
POEMA MINHA TERRA, MEU LAR
Tu és esplendor que fulguras,
Demonstra teus ares num tom de verdura.
A canção de tuas brenhas mais tenebrosas,
É sentida no teu seio tão temido!
E o barulho perene das águas, destemido,
Contrasta com a sinfonia suave das aves fogosas.
O cheiro fresco e inconfundível a contento
Das árvores fagueiras beijadas pelo vento
E os encantos e mistérios que encerras
Faz-te grandioso, fascinante e cobiçado.
És um cenário perfeito que foi esboçado
Para abrigar e nutrir muitos seres e feras.
Envolvidos e agasalhados em teu ventre
E sobre as sombras de tuas árvores sempre,
Cantos, vozes, ruídos e murmúrios!
São por ti harmonizados em perfeita sintonia,
Orquestrada pelas inúmeras espécies em harmonia
Que expressam sons melodiosos e augúrios.
Pasmem todos com teus encantos,
Pois encerras em teu seio maternal tantos,
Que inebria a contemplação latente
E fascina com tuas belezas numa avidez tamanha
Quem observa a verdura da flora estranha
E o sonoroso canto dos pássaros num ar contente.
És farto de matas, água e seres,
Um ambiente ainda com muitos afazeres.
O rumor de suas águas embala os matos
Pelo vai e vem das canoas
Parecendo uma dança ou música que ecoa
Na imensidão dos rios e lagos desfilam os barcos.
Os povos são afeitos ao ritmo da floresta
Não fogem a rotina, não contestam.
Aceitam os assombros com brio
São povos guerreiros que se acercam de paz
Protetores do meio, destruidores jamais,
Adentram as matas com sol, chuva ou frio.
Em teu seio encontram seu quinhão:
São frutas, sementes, raízes retiradas do chão,
Peixes ou vegetais que supre os desejos.
Prodígios da terra, plantas e seus verdores,
Os povos na lida mostram seus valores
No esforço desmedido durante os ensejos.
Terra de sonhos, de cores singelas,
És fulgurante entre as mais belas!
Expressa ternura, medo e terror.
Dita o ritmo da vida dos teus inquilinos
Às vezes abatida por instintos ferinos,
Mas sempre desponta majestosa com vigor.
Amazonas caboclo, mulato e pardo,
O teu céu enfeitado de luzes enaltece o teu garbo
O revoar dos pássaros de cores sutis.
Enfeitam as tardes belas de tom dourado
Enquanto se despe do manto azulado
E repousa na noite de estrelas num clima feliz.
Exalto-te, majestoso, pura expressão do viver,
Oxalá! Teus encantos jamais fenecer,
Honrosa de ares serena em tua inocência
Estremece quando sofre as cruéis ações
Quando te ferem com a amarga função
De transforma-te em devasta existência.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
POLITICA
Uma das mazelas da sociedade brasileira que tem ao
longo do tempo atrasado de forma decisiva o processo de desenvolvimento do país
é sem duvidas a corrupção politica. O acesso aos serviços básicos e essenciais
ao desenvolvimento, como educação, saúde e infraestrutura são abordado de forma
veemente e enfática nas campanhas politicas com o fim especifico de angariar
votos, mas nada é feito de fato. A grande maioria do povo é conduzido, mantido
na rédea curta fruto da ignorância, pois a elite dominante priva o povo de ter
uma educação de qualidade que lhes permita pensar por conta própria. Partilham
a ideia de que povo ignorante é mais fácil de dominar. Atualmente usam as
tecnologias da informação e comunicação para se promoverem, transmitir uma
imagem que não é real, não condiz e nem expressa a verdade. É a tal propaganda
politica que condiciona as pessoas, principalmente as pessoas simples, de boa fé que,sem maldade, acabam acreditando nas inverdades dos inescrupulosos, sendo que para iludir o povo usam uma velha tática já bem conhecida: a da enganação, da mentira, a de usar as pessoas, a da promessa. Só que mentira é sempre mentira. Usam o argumento de que "foi o povo", "o povo é que merece", "os aplausos são para o povo", "o povo é que é importante", "povo amado", "meu povo querido..." e por aí vai, mas a intenção é: "me aplaudam mais, mais e mais". Na época das eleições conhecem todo mundo, mas logo que ganham, então passam a ter um surto de "amnésia" não conhecem mais ninguém, só os cabos eleitorais mais próximos - os bajuladores que se curvam - e assim mesmo ainda são humilhados. Os que realmente são importantes são os empresários, pois estes podem compactuar com a corrupção. Se tem dinheiro é "amigo" se não tem só serve mesmo para votar com promessa que nunca é cumprida e assim vão de engano em engano. Investimentos feitos para alegar o que fazem, com aumentos astronômicos
e o que não fazem. É uma forma de enganar o povo justificando ações que nunca
foram realizadas. Dizem ser diferentes e modernos, mas utilizam a antiga “Politica
do Pão e Circo”, com o intuito especifico de corromper os menos instruídos. Se em alguma
ação desenvolvida beneficiam dez famílias, aquelas que formaram o grupo dos
alienados multiplicam por cem. Negam quase tudo ao povo que são de fato os
donos dos recursos logrados. quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
DONA MARIA: UMA AUTENTICA HEROINA
| Foto 01: Dona Maria em sua casa. Fonte: João Lazaro e Francisco Fonseca |
Nascida no ano de 1933, no município de São Filipe (atual município de Eirunepé) estado do Amazonas, Dona Maria Rodrigues da Silva, foi uma das bravas mulheres, que atuou efetivamente na extração do látex. Sua saga teve inicio aos quinze anos de idade quando começou a cortar seringa ajudando a irmã mais velha que por sua vez ajudava o pai, fato que lhe rendeu a alcunha de “Maria Seringueira”.
Dona Maria, como é carinhosamente chamada, enfrentou os perigos da floresta, quando ainda criança, num ato de verdadeira bravura e patriotismo num cenário hostil onde se expunha aos perigos de feras, insetos, doenças, acidentes e aos fenômenos naturais.Saia de sua humilde casa antes do alvorecer guiada pela poronga.
Seguia a estreita vereda feita na floresta que a levava de uma a outra seringueira. Embrenhava-se nas matas trilhando uma vereda de forma oval no seio da floresta, sangrando as árvores para extrair o líquido precioso da seringueira para produzir borracha. Sua labuta se desdobrava em várias tarefas: raspava, cortava e colhia a estrada de seringa, trabalho cansativo que lhe exigia coragem, esforço e habilidade, pois para cortar seringa é preciso ter certa técnica para não maltratar as árvores. O corte tinha que ser preciso, na veia onde corre o leite alvo como a aurora e precioso como o diamante, pois era dele que sobrevivia, tirava o seu sustento e de sua família.
Dona Maria, em sua rotina diária na floresta, estava sempre na lida exposta aos perigos, caminhando, de quando em vez, com uma escada nas costas, uma faca de seringa, um balde, facão e, às vezes, uma espingarda. Seguia estrada afora ouvindo o ranger das árvores, o canto dos pássaros, o som estrondoso das sapopembas e, o alarido de seres estranhos num ambiente sinistro, tenebroso, mas de vário encanto de uma profunda sensação de medo, mas também de aventura e sossego.
![]() |
| Foto 02: Os perigos da floresta, animais ferozes. Fonte: Internet. |
Começou aos quinze anos, pois gostava do oficio. A vida como seringueira começou quando morava na comunidade Esperança, no seringal Foz de Envira. Depois, quando casou cortava para ajudar o marido. Vivia da extração do látex, não era uma vida fácil.
Os seringalistas, na sua maioria portugueses que se consideravam donos da terra, pois ainda carregavam na mente a ideia de “descobridores”, atuavam como verdadeiros coronéis impondo sua própria lei. A borracha era a principal atividade econômica que ostentava o poder dos patrões (seringalistas) que tinham o poder da lei, eram absolutos tinham o domínio politico, jurídico e econômico.
Dona Maria nunca frequentou a escola, sua atividade não permitiu que estudasse. Trabalhava o dia todo antes do Sol raiar saía para sangrar as seringueiras quando fechava o corte voltava colhendo o leite (látex), quando chegava já era tarde, ai então ia defumar (processo de construção da borracha) e, também, não havia escola onde morava. Nessa época escola era coisa rara, só havia alguma escola nas sedes de alguns seringais. As colocações eram distantes umas das outras, andava-se horas até encontrar alguma casa.
O trajeto era feito pelo rio, por meio de canoa, a remo, ou pela floresta através de caminhos abertos na mata.
![]() |
| Foto 03: Floresta onde havia as estradas de seringa. Fonte: internet. |
Esse processo, de troca, fazia com que o seringueiro sempre ficasse devendo, era uma forma de prender o seringueiro ao seringal, não deixar que fosse embora, pois tinham que trabalhar para pagar a conta. Isso fazia com que os seringueiros se sentissem presos aos seringais, era uma prática comum dos coronéis de barranco. Em virtude do processo de subversão e exploração dos seringalistas com os seringueiros a borracha, muitas vezes, era vendida para o regatão – que era uma espécie de comerciante que circulavam pelos rios comprando produtos do látex e constituía-se no terror dos coronéis de barranco.
Dona Maria, submetida à exploração dos seringalistas não ficou imune a esse processo, vendia borracha para o regatão que também pagavam pouco, mas era uma forma de obter dinheiro e suprir as necessidades imediatas de sua família. Dona Maria, cortou seringa até o fim do comercio da borracha na região que durou até por volta do inicio dos anos 80. Após esse período, Dona Maria, já cansada, foi morar na cidade, onde anos mais tarde se aposentou, ganhando um salario mínimo. Parou de cortar porque a borracha não estava dando mais dinheiro, os seringais acabaram, os seringalistas foram embora ou morreram e seus herdeiros foram embora também, abandonaram ou venderam os seringais.
Dona Maria gostava de cortar seringa,
começou cedo ajudando a irmã mais velha e gostou do oficio, então só parou
quando já não era mais viável o comercio da borracha e suas forças já não eram
as mesmas de antes, mas criou seus filhos com o suor do seu rosto, derramado
sobre a folhagem marrom e ressecada que caiam das árvores, servindo de tapete
para seus pês. No caminhar na penumbra da floresta densa aonde a noite chega
mais cedo e o dia amanhece mais tarde, pois a formação verde impede a
penetração da luz do Sol na floresta densa.

Foto 04: Floresta onde havia as seringueiras.
Fonte: Internet.
Cortar
seringa é uma tarefa árdua, além de coragem exige também preparo físico, saúde
e persistência. Dona Maria, andava horas e horas todo dia pela mata sangrando
as seringueiras. Depois voltava colhendo o látex, processo que também demorava
bastante tempo. Era preciso recolher o leite em um balde ou um saco encalchado,
carregando durante horas até chegar no defumador. Lá o látex era despejado em
uma bacia. Depois iniciava-se o processo de fabricação da borracha: o leite era
derramado sobre um molde – o principio – um cilindro que girava através de eixo
e preso a argolas penduradas em cordas, assim o látex era jogado em cimo do
cilindro e girado com rapidez sobre uma fornalha de boca estreita expelindo
bastante fumaça onde o leite coagulava formando uma capa em volta do cilindro.
Depois era cortado e retirado do cilindro e enrolado em um bastão resistente o
qual ia se transformar na famosa borracha de seringa.

Fonte: Internet.
Quando a borracha atingia um tamanho considerável, depois de quinze ou trinta dias, era levado para a sede do seringal, era a quinzena. Lá a borracha era pesada e tarada, ou seja, o seringalista descontava uns quilos, pois se a borracha fosse nova ia perder peso, pois continha agua e esta era evaporada.
A borracha era colocada ao sol para secar até atingir o estado ideal para ser comercializada pelos seringalistas.A atividade de extração do látex, na época, era exclusiva de homens, pois era considerada perigosa, exigia força e coragem. Havia muitos perigos: cobras, insetos, onças, tempestade, o risco de se perder na mata, índios, a solidão no seio da floresta e as intempéries dos fenômenos naturais como o frio, a chuva o sol, as enchentes, entre outros. Também era preciso força, pois o seringueiro tinha que carregar um balde, um facão, uma espingarda, uma estopa com o saco de leite e a faca de seringa. Assim andava Dona Maria uma autentica seringueira, cheia de brios, garbo, coragem, destemida e contente pelo oficio que realizava com orgulho.
![]() |
| Foto 05: Seringueira. Fonte: Internet. |




.jpg)
